quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

ESTA DOR,,,

Acordo com esta
SAUDADE que me aperta
o peito e a garganta
que me deixa indisponível
para outros sentires
outras dores
outros prazeres.
Uma vontade louca
de querer o que não quero
de ter o que não tenho
de fazer o que não faço.
Um desespero feroz
de segurar o tempo
modificá-lo
dizer-lhe estou cá!
Eu é que te controlo agora
Eu é que sou a dona desta cena
deste espaço
deste tempo
deste palco!

sábado, 17 de fevereiro de 2007

JU




Não sei o que dizer
nem o que fazer
Sei apenas que terei de dizer
terei urgentemente de o fazer
Sei também que preciso de ti
como do ar que respiro
para poder crescer
Faço deste teu canto
minha manta de retalhos
de emoções e viveres
Faço deste teu espaço
uma travessa que vai à mesa
recheada de amostras simples
de receitas bem caprichadas
que a cozinheira
oferece com prazer e vaidade
aos convidados.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Perda de Tempo

Vinte e três anos é uma vida.
Uma vida que se perde.
Sofria de doença crónica incurável.


Nasceu não do amor mas do medo,
da insegurança,
da imaginação,
da vontade e do desejo do acreditar.


Desde sempre se debateu contra a solidão,
a indiferença, o pouco investimento...


Mas lá foi sobrevivendo.
Cada crise era sempre maior que a anterior.


Acabou por "morrer"
sem que ninguém se apercebesse.
Até os seus progenitores
pareciam não dar por isso.


Mas chegado o dia vinte e oito de Setembro de 2006
FOI-LHE CONFIRMADO O ÓBITO!

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Meu Querido FILHO


Chegaste
às primeiras horas
de um dia
do final de Setembro.


-Realizaste o meu sonho
de ser mãe!


Rodeei-te de mimos
carinhos e protecção.
Criei-te numa "redoma"
fui egoísta, bem sei
mas... tinha pavor de perder-te.


Medo esse
que nos acompanhou
pela vida fora.


Mas... aos treze anos
quando te diagnosticaram
um TUMOR cerebral
tudo em mim mudou.


Renasci para a vida!


Descobri em mim
uma outra mulher
uma outra mãe
a abarrotar de Força
e de Certezas.


-"Tudo iria correr bem contigo!"


Refugiei-me do mundo
e das pessoas...


Vivemos momentos intensos
de cumplicidade e dependência
como nunca antes
havíamos vivido.


Regressaste à tua posição
fetal
e eu à grávida
que havia sido.


Reatámos o cordão umbilical
fomos felizes, durante a doença
enfrentámos TUDO e TODOS
sozinhos os dois


Mas... Vencemos!

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Juntos Novamente



A vontade do reencontro
crescia a cada momento
de forma incontrolável.
Estávamos distantes
mas queríamo-nos muito...
Só o comboio
poderia tornar possível
a realização do desejo louco
que nós possuíamos.
Vi-te ao longe
apeteceu-me correr ao teu encontro
saltar para o teu colo
e saciar-me, ali mesmo!
Mas não... nada fizemos
apenas um "Olá!"
Era demasiado arriscado...
poderíamos ser vistos...
não poderíamos
levantar suspeitas
O que vivíamos
era demasiado belo e bom
para magoarmos terceiros.
A nossa cumplicidade
era muito forte
entrei sorrateira e discretamente
no teu carro.
Levaste-me ao hotel
e seguimos para o quarto
previamente reservado por ti.
Desta vez não estremeci
de medo nem de insegurança.
Entregámo-nos mutuamente
num frenesim de loucura.
Nossos corpos reconheceram-se
a comunicação entre eles
estava facilitada.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

O jogo da verdade

A cada pergunta tua
a minha resposta sincera.

A cada pergunta minha
a vontade de conhecer-te!

O desejo que o jogo não terminasse
A vontade crescente de entrega
A ânsia de ter-te meu!
Como nos entendíamos...
numa linguagem única,
inventada por nós.

Chegou o dia e...
tomaste-me em teus braços.
Estremeci!
Acarinhaste-me.
Transmitiste-me confiança e segurança.
Então entreguei-me
e nossos corpos comunicaram
e tão bem se entenderam!

Fizemos do sexo o manjar dos anjos
Fizemos da cama um trono divino
e apesar da hora tardia
não nos rendemos ao sono!

Nós merecíamos:
viver, sorrir, sentir, amar...

domingo, 4 de fevereiro de 2007



Entrei naquela sala

e nem sei se já lá estavas

ou se chegaste depois

só sei que resisti um pouco

aos teus sinais


Já travara conhecimentos

com outros

quando te sinto

próximo a mim
Receei...

que fosses mais um sem sentido

mais um, igual a tantos outros


Não quis arriscar...

mas que fazia eu ali?

que procurava eu?

então porque não experimentar?

Propuseste um jogo


ao qual aderi



com muita curiosidade



Surpreendeste-te com minha sinceridade


ganhaste minha confiança



E aos poucos


fomos vencendo os meus medos.





sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

MEU PONTO DE PARTIDA



Encontrei-te por acaso
quando, já cansada
perdia a esperança...
abrigaste-me, deste-me guarida
saciaste minha fome e sede
Sim, estava desesperadamente
esfomeada.
Acabara de atravessar um DESERTO
e todos os que encontrei
não passaram de meras quimeras.
Contigo, acreditei...
que era possível renascer.
Contigo, acreditei...
que havia vida
em mim!